sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Danos causados pelo uso abusivo de Drogas

Danos Causados Pela Cocaína:

"Os efeitos da cocaína na fase aguda da dependência já foram bastante pesquisados; no entanto, pouco se conhece sobre as seqüelas que as drogas deixam quando o usuário pára de consumi-las", explica o neurologista Paulo Henrique Bertolucci, orientador da pesquisa.
No trabalho, foram avaliados 66 usuários – com idade média de 24 anos – atendidos na Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) e no Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad). Eles estavam em abstinência por períodos que variavam de um dia a quatro anos.
Os participantes, que usaram as drogas durante quatro anos em média, foram separados em dois grupos: o dos usuários de cocaína inalada (uso simples) e os de crack e de cocaína inalada (uso misto). A cocaína injetável não foi incluída na pesquisa.
Os dependentes químicos submeteram-se a uma avaliação neuropsicológica envolvendo uma bateria de testes, que avaliam atenção, memória, aprendizagem e linguagem, entre outros fatores. O desempenho de cada um foi comparado com o de outra pessoa não-usuária (grupo controle) do mesmo sexo, idade, escolaridade e classe socioeconômica.
"Essa seleção rigorosa do grupo controle é um aspecto fundamental. Isso porque vários estudos que avaliam os efeitos das drogas são questionados justamente por compararem os usuários com pessoas que não têm as mesmas características, o que poderia influenciar no resultado final", observa Paulo Henrique Bertolucci.
Outra conclusão da pesquisa é que o grupo misto foi mal em todas as avaliações, confirmando o quanto o crack pode ser nocivo. "Já os usuários de cocaína inalada apresentaram melhor performance, quando comparados com o grupo controle, nos testes de respostas de curto prazo e que lidam com conteúdos menos complexos", conta a psicóloga Suely Nassif, autora do estudo.
No entanto, esse falso benefício da cocaína logo foi desmascarado. Nos testes envolvendo memória de mais tempo e mais "elaborada", o resultado positivo não se repetiu.
Uma das análises que deixou essa contradição clara foi o teste dos dígitos, no qual o participante precisa repetir uma seqüência de até oito números determinada pelo avaliador. Nessa parte do teste, os usuários de cocaína inalada costumam se sair muito bem. Mas, quando se pede que a mesma seqüência seja pronunciada na ordem inversa, não conseguem repetir o bom desempenho. Isso ocorre em função da complexidade.
"A cocaína tem a capacidade de deixar as pessoas ativadas e faz com que executem facilmente tarefas rápidas. Por isso, muitos usuários sentem-se bem e têm vontade de continuar a consumi-la, sem levar em consideração prejuízos muito maiores", avalia Suely.
No momento da realização dos testes, os usuários apresentaram tendência a estarem mais ansiosos em relação aos que não usavam drogas. A ansiedade como traço de personalidade é uma característica, principalmente, do grupo misto.
Aprendizagem comprometida – Sabe-se que as regiões cerebrais mais comprometidas com o uso da cocaína são os lobos frontal e temporal. O uso da droga pode produzir sintomas mentais como irritabilidade, agressividade, delírios e alucinações. Entre os sintomas físicos estão aumento de temperatura, hipertensão, taquicardia e até convulsões. O usuário corre risco de morte súbita ou por overdose.
Com a avaliação neuropsicológica foi possível constatar alterações no desempenho cognitivo dos usuários de cocaína, outro campo pouco conhecido desse tipo de dependência.
"Quem usa cocaína tem dificuldade para aprender e isso inclui também a aprendizagem de comportamentos éticos ligados às experiências de vida. Por isso, essas pessoas geralmente não conseguem se adequar ao trabalho", observa a psicóloga.
Os testes são capazes de indicar o grau de comprometimento cognitivo e permitem planejar ações de reabilitação mais eficazes. Em uma próxima etapa, a pesquisadora planeja analisar a influência do tempo de abstinência nos resultados encontrados. Assim, será possível perceber, por exemplo, quais desses danos se alteram com o aumento do período de suspensão do uso das drogas.
Fonte: http://www.unifesp.br


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